O que aconteceu com a Borracha?
O
jeito chinês de se fazer negócios

  • 23/05/2016 23h15
  • São Paulo

A agência de notícias Reuters confirmou esta semana que Reguladores chineses convocaram as bolsas de futuros a limitarem o que chamaram de “especulação excessiva”. A forte atividade nos contratos de commodities já havia povocado uma grande alta nos preços futuros desde o final de abril quando o governo decidiu tomar a medida.

Ao analisar os gráficos, nota-se que no início de abril investiores fizeram grandes apostas em contratos futuros de commodities. Os efeitos foram sentidos no ferro, algodão, borracha e até mesmo nos ovos que subiram rapidament de preços.

Analistas afirmam que os investidores estavam de olho nos planos do governo chinês de incrementar os gastos em infra-estrutura (o que geraria automaticamente mais demanda por commodities). Mas o governo não quis entender desta forma e decidiu acabar com a "brincadeira".

O rally, seguido de queda, levou muitos analistas a compararem ao movimento similar ocorrido no ano passado no mercado de ações quando as autoridades chinesas chegaram a usar força policial contra investidores considerados na época: “especuladores”.

“Os mercados futuros devem se ater ao seu propósito fundamental e servir a economia ‘real’, e nós iremos impedir que ele se torne em uma ‘festa’ para especuladores de curto prazo” publicou a CSRC, a Agência Reguladora Chinesa, em declaração.

A CSRC se disse preocupada de que o mercado entrasse em um ciclo de alta-e-declínio e por esta razão deu ordem para que se controlasse o grau de atividade especulativa nas bolsas de  Dalian, Shanghai e Zhengzhou.

Em resposta as bolsas congelaram as atividades de grandes investidores institucionais alegando “falta de tradição em commodities” sem especificar claramente o que isso queria dizer. Somaram-se as estratégias o aumento das taxas de transações e margens mínimas o que esfriou prontamente o rally iniciado na segunda quinzena de abril.

É o jeito chinês de se fazer negócios.

O preço da borracha natural que vinha animando produtores na faixa de US1.400/1.500 a ton, acompanhou a queda iniciando a semana a US1.230 a ton.

Veja abaixo o movimento de algumas commodities (dentre elas a borracha natural) desde a ação chinesa a partir do final o mês de ABRIL:

 

Edição: Diogo Esperante
Gerente de Projetos pós-graduado pela FEA-RP/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo) atua no setor da Borracha Natural a 9 anos e atualmente integra como Analista de Mercado a Equipe de Gestão do Grupo Hevea Forte (heveaforte.com.br). Além de consultor, gerencia a propriedade familiar Fazenda Morada da Prata no interior de São Paulo e em Minas Gerais. Cordenador da Comissão de Políticas Publicas da Câmara Setorial da Borracha, escreve semanalmente neste espaço.